segunda-feira, 5 de abril de 2010

INSTINTO

O homem nasceu para gritar. Berrar emoções de dentro da garganta. Externar sentimentos presos no esôfago. Desde o primeiro dia ele, subitamente, reage ao instinto da liberdade sonora. Entretanto, as criaturas selvagens e os arbustos verdes que tremiam ao grito do homem foram gradativamente sendo trocados por aparelhos binários e torres de concreto, avessos a essa reação. Falam até mais alto e sufocam sua expressão, tornando raro o momento para arriscar um som que compita.



Reféns de nossa própria tecnologia, de nossa própria evolução. Assumimos um papel passivo em relação à criação. Acima citei a causa de berrarmos ao nascer e passamos a vida sempre querendo mais, tudo se funde em uma reação: o instinto. E o instinto não pode ser silenciado. É uma chama que acende a alma e a engrandece até consumir todo e qualquer sentimento contrário. O instinto não pode nos ser tirado por qualquer força existente, permanece adormecido até o momento de sua gloriosa explosão.



O grito, nesse caso, não explicasse pelo sentido literal. Como foi dito no inicio, é um sentimento, uma emoção. Historicamente o homem expressou liberdade, patriotismo e força com ele. Apenas um ser berrando indignação pouco faz. Um grupo suspirando uníssono, por diversas vezes, derrubou reinos, finalizou conflitos e alterou os rumos da História.



Em meio ao concreto, ao artificial, à velocidade, não só perdemos o costume de gritar, acabamos por esquecer termos nascido com tal recurso. Porém, novamente abordando fatos do passado do homem, é sendo sufocado que este aprende qual seu verdadeiro limite, o qual está muito além do que imaginamos. À beira do abismo vomitamos as emoções mais profundas com o intuito de sermos percebidos e temidos.



Em suma, homens como nós sabem o valor do grito silencioso, o grito sensorial. Seu volume é medido pelo seu conhecimento, pela sua razão, pelo seu espírito. O milagre da mente humana proporciona acrescer todos esses fatores para seu enriquecimento. Processo facilmente esquecido por quem da prioridade às necessidades contemporâneas, os mudos contemporâneos. Esses são responsabilidade nossa. Cabe a nós alertar sobre a finitude de seus planos. Trabalhando nisso, não precisaremos gritar escancaradamente, uniremos um maior numero de vozes, cada qual com seu valor, e assobiaremos ao vento. Assim, a História seguirá justa o seu caminho natural.

2 comentários:

  1. Na verdade, o que nos diferencia dos animais, é a capacidade dominar nossos instintos com a mente, é o que nos torna monogâmicos, é o que permite a vida em sociedade, o homem não gosta de ser livre, se o homem fosse livre ele estaria extinto.

    porém quando unimos a força do nosso instinto ao poder da nossa mente, e a percepção de fazer o que é certo, nos tornamos deuses. isso é a apoteose.

    ResponderExcluir
  2. Tentamos alardear um bando que tem como principio o furor e o caos mental, bando esse ao qual insistimos em emprestar nossa força e fazer parte, mesmo que esporadicamente. Devemos captar o momento certo e utilizar este instinto ao nosso favor. Fica a dúvida. Terão impacto nossos objetivos em meio a tanto movimento? Precisamos de mais tempestades e trovões ou nosso afluente interno nos guiara pelo mesmo caminho sem haja a necessidade de nos afogarmos nesse mar turbulento que somos nós, jovens adultos possíveis herdeiros de um final que merecemos?
    Demonstremos ações unidas que silenciosamente atraiam mais captadores desse modo de se expressar.

    ResponderExcluir