Prose aponta a leitura desacelerada e atenta como método para o tamanho trabalho estilístico - em alguns casos levado ao extremo – não passar despercebido. Dada a importância da primeira frase, é ela que evidencia o que será desenrolado pelo resto das páginas e define se você vai ler até o fim.
Não importa o tamanho ou o rebuscamento, a frase pode tanto conter apenas quatro palavras como ser abarrotada de subordinações ordenadas em cascata. É ela que desencadeia o mistério, revela o estilo, introduz a trama, em suma, captura o leitor.
Lido esse capítulo, instantaneamente busquei as tais frases fundamentais nos meus livros já consumados. É notável como, de acordo com Prose, os autores dão importância a isso. Jack Kerouac, escritor cerne da geração Beat, logo de cara joga o leitor no meio de suas andanças e peregrinações sem roteiro que desenroladas não necessariamente acabam com o fim do livro. Sem rodeios, Kerouac quer mesmo transmitir certa falta de noção em suas grandes viagens, e faz isso bela e energicamente, levando o leitor junto, sem lenço nem documento.
Com Kafka (foto), segundo Francine, tem-se muito a aprender. Foi um exímio construtor de frases; um mestre das linhas de abertura – e das frases ao longo de toda sua obra. Buscava as doses certas nos momentos certos, logo, a frase primordial tornava-se de relevante importância para a sincronia do que viria a seguir.
Tanto para o leitor apaixonado como para o escritor ascendente, Francine acerta ao construir um manual leve e interessante que ensina a navegar pelas obras dos grandes escritores. Sendo seus cursos, suas palestras e seu velho amor pelas palavras material que serviu para a construção do livro, sua abordagem é diferente para nós brasileiros. Tão apaixonados pelo desenvolvimento da arte como relato da cultura ou apenas como desenvolvimento estilístico, ainda temos deficiência em cursos e materiais voltados à arte da escrita. O que deveria mudar é a boa leitura deixar de ser regra, porque aqui, infelizmente, as regras servem para não serem respeitadas, uma pena, mas verdade.
a boa leitura não deveria ser regra, deveria ser prazer, uma regra é difícil cumprir, mas prazer é o que todos querem.
ResponderExcluirbaita texto, deu vontade até de ler Kafka.
abraçao
escutem a música: "A Metamorfose ou Os insetos interiores" do Teatro Mágico
ResponderExcluirPreciso desse livro antes de me envolver em maiores aventuras literárias!
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