segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Em defesa do romance - Mario Vargas Llosa


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De uma maneira sub-reptícia, as palavras reverberam em todas as ações da vida, até mesmo nas que parecem muito distantes da linguagem. Isso, na medida em que, graças à literatura, evoluiu até níveis elevados de refinamento e de sutileza nas nuances, elevou as possibilidades da fruição humana, e, com relação ao amor, sublimou os desejos e alçou à categoria de criação artística o ato sexual. Sem a literatura não existiria o erotismo. O amor e o prazer seriam mais pobres, privados de delicadeza e de distinção, da intensidade a que chegam todos aqueles que se educaram e estimularam com a sensibilidade e as fantasias literárias. Não é exagero afirmar que um casal que haja lido Garcilaso, Petrarca, Góngora e Baudelaire ama e usufrui mais do que outro, de analfabetos semi-idiotizados pelas séries de televisão. Em um mundo iletrado, o amor e a fruição não poderiam ser diferenciados daqueles que satisfazem os animais, não iriam além da mera satisfação dos instintos elementares: copular e devorar.

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O artigo completo em revista Piauí_37

Um comentário:

  1. Tua postagem me faz lembrar... é o que eu diria, mas a crítica que romance é supérfulo e o sexo é tudo (opinião de muitos por aí!) é triste. Sem a escrita eu não poderia ter dito, " um olho no céu brilhando, meu espaço dentre o teu, DENTRO desse momento milhões de universos de possibilidades sensoriais, quem fez esse pensamento já que só o que existe é o agora, então o tempo é mais consciente do que eu em nossas psique. Faz o que queres e domina nossos pensametos com tua alma, ela".

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